Lição 09: Paulo Censura a Contenda entre Irmãos
OBJETIVOS
MOSTRAR o poder de julgamento da igreja local;
APONTAR a estrutura de funcionamento das igrejas
cristãs e dos tribunais romanos;
CONSCIENTIZAR de que os conflitos e disputas podem
comprometer a vida eterna com Deus
TEXTO
DO DIA
“Na verdade, é já realmente uma
falta entre vós terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis,
antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?” (1
Co 6.7)
SÍNTESE
Devemos evitar as contendas
judiciais entre os membros da igreja, pois o acerto amigável é melhor do que
uma contenda jurídica, principalmente, com um irmão de fé.
AGENDA
DE LEITURA
SEGUNDA – Pv 13.10 A contenda provém do orgulho
TERÇA – Tg 4.1 A origem das guerras e
contendas
QUARTA – Tt 3.8-10 Evite as discussões
QUINTA – Fp 2.3 “Nada façais por contendas”
SEXTA – Fp 2.14 Evite a s murmurações e
contendas
SÁBADO – Mt 5.6 Fome e sede de justiça
INTERAÇÃO
Professor(a), a ênfase da aula de
hoje é mostrar que as contendas entre membros da igreja trazem prejuízos e
consequências para todo o Corpo de Cristo. Em geral as contendas são
provenientes do orgulho e da falta de temor a Deus. Paulo mostra aos coríntios
que eles deveriam evitar todo e qualquer tipo de contendas e processos
judiciais em tribunais romanos, pois os juízes não eram cristãos e não
entendiam a respeito dos ensinos e valores do Reino de Deus. Isso não
significava que eles não deveriam procurar a justiça dos homens.
O problema estava no fato de
procurar os tribunais para discutir questões pessoais entre membros da igreja e
questões de ordem interna da Casa de Deus. É importante ressaltar que o litígio
entre os irmãos estava causando escândalos e prejudicando o avanço da pregação
do Evangelho. Por isso, Paulo pede que parem , mostrando que eles tinham
competência para julgar as questões internas.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Prezado(a)
professor(a), uma das ênfases da lição deste domingo é o litígio entre os
crentes coríntios. Por isso, sugerimos que para a aula de hoje, você faça uma
“mesa redonda” com seus alunos e debata a seguinte questão: “Por que Paulo diz
que os cristãos não devem levar aos tribunais seculares as divergências que
tenham com outros crentes?” Conclua a discussão abordando as três questões
abaixo:
Se o juiz e
os jurados não forem cristãos, provavelmente não serão sensíveis aos valores
cristãos. A base para procurar um tribunal é normalmente , a vingança, esta
nunca deve ser o motivo de um cristão. Os processos prejudicam a causa de Deus
e dão uma má reputação à igreja, fazendo com que os incrédulos se concentrem
nos problemas da igreja e não no seu propósito.
TEXTO
BÍBLICO
1
Coríntios 6.1-6
1 Ousa algum
de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos e não
perante os santos?
2 Não sabeis
vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por
vós, sois, porventura, indignos de julgar as coisas mínimas?
3 Não sabeis
vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta
vida?
4 Então, se
tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes na cadeira aos que
são de menos estima na igreja?
5 Para vos
envergonhar o digo: Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa
julgar entre seus irmãos?
6 Mas o
irmão vai a juízo com o irmão, e isso perante infiéis
INTRODUÇÃO
Na lição
deste domingo o veremos que os membros da igreja em Corinto estavam levando uns
aos outros aos tribunais para resolver suas diferenças. O apóstolo Paulo os
exorta a respeito desse comportamento e os orienta a tratar as questões internas
entre eles. O litígio entre os irmãos estava causando escândalo para a igreja e
prejudicando a unidade. Então, o apóstolo mostra que os crentes tinham
competência para julgar as questões internas e não precisavam recorrer ao
sistema romano de justiça.
I – O PODER DE
JULGAMENTO DA IGREJA LOCAL
1. O
universo jurídico romano.
O sistema
judicial atual herdou muito do sistema jurídico e social do Império Romano. Os
romanos tiveram que desenvolver uma estrutura que atendesse a sociedade que era
nitidamente litigiosa devido à complexidade de gestão e um império tão
abrangente. No universo jurídico romano a prática da injustiça era comum, as
decisões eram tomadas com objetivo de favorecer os patronos ricos ou os
“poderosos” citados por Paulo.
Algumas
contendas eram simplesmente pretextos para vingar ofensas e perseguir pessoas
consideradas inimigas. Dessa forma, as questões precisavam ser intermediadas
pelo sistema jurídico romano, que dava a palavra final na resolução do
problema. Todavia, a jurisprudência não era exercida com imparcialidade pelos
representantes da “justiça romana”, pois a sociedade romana ficou conhecida por
ser corrupta e ter por com um a prática do suborno.
2. A
organização da igreja local.
Certamente o modelo hierárquico do Império Romano influenciava na estrutura da igreja local. Contudo, a igreja jamais pode se deixar levar pelo pensamento deste mundo (Rm 12.1,2). Em uma igreja cristã nova como a de Corinto, os conflitos e a busca dos “direitos’ institucionalizados por Roma seriam inevitáveis.
Mas Paulo
os exortou duramente a respeito das contendas e disputas judiciais. O apóstolo
trabalhava com o objetivo de ver uma igreja santa, sem mancha, mácula ou
ruga.
3. Paulo
propõe um modelo de conciliação para a igreja cristã (vv.1-6).
A igreja de
Corinto vivia em constantes conflitos, divisões, dissensões e casos de
imoralidade (1 Co 1.10-17; 3.1-9; 5.1). Por isso, o apóstolo os exorta a
viverem uma vida de santidade e resolverem as questões
internas na própria comunidade. Paulo defende que os membros da igreja eram
competentes para tratarem os problemas e fazerem um julgamento justo, diferente
do que acontecia nos tribunais romanos.
O apóstolo
destaca que a igreja tem um papel de julgamento superior. Ele afirma que o mais
desprezível dos membros teria melhores condições de julgamento do que os
poderosos juízes romanos, uma vez que, como cristãos, teriam como base de
julgamento os princípios do Reino de Deus. O apóstolo questiona se não havia na
igreja pessoas sábias, o suficiente, para julgar as rixas internas (v.5), em
vez de submeter conflitos internos ao julgamento
perante infiéis (v.6 ).
II – A
ESTRUTURA DE FUNCIONAMENTO DAS IGREJAS CRISTÃS E DOS TRIBUNAIS ROMANOS
1. O
funcionamento da igreja em Corinto.
A igreja em
Corinto era organizada nas casas de alguns membros. Ela teve sua origem na casa
de Justo, que ficava ao lado da sinagoga. A igreja, na sua grande maioria, era
formada pelos pobres que viviam no cais do porto de Corinto. As famílias se
reuniam geralmente nas casas das pessoas de melhor poder aquisitivo da
comunidade.
2. O poder de julgamento da igreja estava condicionado à prática da justiça (vv. 7,8).
Se havia conflito e rixa a serem levadas a julgamento era porque alguns continuavam tirando vantagens dos próprios irmãos da igreja. No entanto, Paulo afirma que tanto os que estavam causando danos como os prejudicados estavam errados. Em 1 Coríntios 6.7, ele incentiva aqueles que foram lesados a sofrerem a injustiça sem buscarem os recursos jurídicos, recorrendo assim aos ensinamentos de Cristo no Sermão da Montanha (Mt 5.39).
As pessoas mais indicadas para resolver os conflitos
internos seriam os próprios líderes da igreja. Mas, se mesmo assim as partes
envolvidas não entrassem em acordo? Certamente, os conflitos judiciais seriam
inevitáveis. Há questões que, por lei, têm de ser submetidas às autoridades
legais, mas outras podem ser tratadas pelos líderes.
3. O modelo
de funcionamento dos tribunais romanos nos dias de Paulo.
Os tribunais
romanos possuíam jurisdição e deliberavam sobre processos que envolvessem
cidadãos romanos em todo império. O Império Romano tinha como política
respeitar a “tradição local” ou “leis da terra” dos povos dominados, como forma
de fortalecer a estabilidade social. Todavia, quando as leis provinciais
entravam em conflito com as leis ou costumes romanos, podiam ser feitos apelos
aos tribunais, nesse caso o imperador era a autoridade competente para tomar a
decisão final.
Em Corinto,
o fórum do governador ficava no centro da Ágora, em sua volta vários templos e
estátuas que representavam deuses pagãos. Conforme o costume romano, as
sentenças tinham que ser proferidas de dia para que o deus Júpiter assistisse
os debates e iluminasse o julgamento. Nos demais casos, os juízes ficavam às
portas das cidades para julgar questões, uma espécie de “tribunal de pequenas
causas”, quando procurados por aqueles que se dizem lesados.
III –
CONFLITOS E DISPUTAS PODEM COMPROMETER A VIDA ETERNA COM DEUS
1. Os
injustos não irão herdar o Reino de Deus (v.9).
Paulo se volta para os defraudadores dos irmãos e os adverte quanto à perda da vida eterna com Deus devido às injustiças praticadas. O comportamento deles não estava coerente com o novo relacionamento que o cristão deve ter com Deus e seu próximo. O apóstolo estava se referindo àqueles que não se arrependem de suas práticas injustas, mas persistem em buscar os seus próprios interesses.
Os
membros que estavam defraudando o irmão e levando-os aos tribunais de forma
leviana poderiam até ganhar a causa na justiça humana, mas poderiam perder a
vida eterna. Paulo traz o tema em forma de pergunta para enfatizar a
consequência das ações injustas de alguns membros da igreja.
2. Os irmãos
fraudulentos igualmente são condenáveis como os juízes injustos (v.10).
A reprimenda paulina é forte; ele iguala quem defrauda o irmão com os devassos, idólatras, adúlteros, ladrões e roubadores, avarentos, os bêbados e os maldizentes (v.10). Portanto, todos estavam debaixo da mesma condenação. Em 1 Coríntios 6.1, o termo injusto é empregado para se referir aos juízes dos tribunais romanos, agora em 1 Coríntios 6,9 o mesmo termo é empregado aos crentes que cometem injustiça.
Paulo considera a atitude de não
suportar a injustiça dos irmãos como um erro, pior ainda do que o erro de quem
pratica a injustiça contra um irmão. Assim, o apóstolo estimula os seus
ouvintes a reconhecerem a graça divina a seu favor, que os havia
resgatado de uma vida de miséria espiritual por meio do perdão de seus
pecados.
3. Disputas
diante de juízes pagãos (v.11).
Conflitos e disputas internas estavam sendo levadas diante dos juízes pagãos, que não tinham o perfeito entendimento de como funcionava a organização da igreja. As tomadas de decisões destes juízes poderiam ter um impacto negativo significativo nos relacionamentos internos da igreja, pois não teriam como base os princípios cristãos.
O texto não fala quais eram os litígios que os irmãos estavam levando
aos tribunais romanos, mas é possível que fossem questões irrelevantes e sem
maiores implicações pessoais, inclusive com base nos novos princípios recebidos
pelo cristianismo.
SUBSÍDIO
1
“Paulo lida
com outra situação que não estava ajudando a igreja de Corinto em seu
testemunho cristão. Os crentes coríntios, como a maioria de hoje, nem sempre
concordavam entre si. Assim, eles estavam levando suas querelas ao tribunal
civil da feira pública, diante de juízes pagãos em vez de levar ‘perante os
santos’. Esses juízes arbitrariam de acordo com as leis e ideias pagãs, em
lugar de arbitrarem de acordo com os princípios cristãos. Paulo não quer dizer
que não podemos usar os tribunais civis ou criminais para situações sérias que
envolvam incrédulos. Nem quis dizer que os juízes pagãos nunca davam um
veredicto ou decisão justa.
Mas os casos
entre os crentes seriam observados pelo mundo pagão, que então ficaria a
questionar o amor cristão proclamado pelos crentes coríntios. Este prospecto horrorizava
Paulo. Paulo queria que a igreja coríntia procurasse seus membros sábios para
arbitrar as diferenças entre eles. Um dia, os crentes cristãos tomaram parte do
governo do mundo” (HORTON, Stanley M. I & II Coríntios: Os problemas da
Igreja e suas Soluções. Rio de Janeiro, CPAD, 2017. p. 60).
SUBSÍDIO
2
“Paulo não
está sendo sarcástico. Ele está falando sério.
Considerando que todos nós julgaremos o mundo e os anjos, mesmo os cristãos
mais insignificantes devem poder fazer um trabalho melhor que os juízes pagãos.
Mas ele quer envergonhá-los, porque agem como se não houvesse entre eles
ninguém sábio o bastante para resolver as disputas. A intenção de Paulo era que
suas palavras de certa forma chocassem aqueles irmãos coríntios que viviam esta
situação – que iam aos tribunais uns contra os outros perante incrédulos. Por
certo, os incrédulos ficariam chocados com isso.
‘Na verdade,
é já uma falta entre vós terdes demandas uns contra os outros. Por que não
sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis antes o dano? Mas vós mesmos
fazeis a injustiça e fazeis o dano e isso ao irmão’. Os cristãos que têm
processos uns contra os outros já são perdedores. Os dois lados já estão
totalmente derrotados” (HORTON, Stanley M. I & II Coríntios: Os problemas
da Igreja e suas Soluções. Rio de Janeiro, CPAD, 2017, p. 61).
CONCLUSÃO
Diante dos
inúmeros conflitos internos da igreja em Corinto levados aos tribunais romanos,
o apóstolo propõe um modelo de conciliação para a igreja local. Paulo
adverte que quem não acatasse sua sugestão estaria correndo o risco de ser
classificado com os demais pecadores e condenado à perdição eterna.
HORA
DA REVISÃO
1. O que era
comum no universo judaico romano?
No universo
jurídico romano a prática da injustiça era comum, as decisões eram tomadas com
objetivo de favorecer os patronos ricos ou os “poderosos” citados por
Paulo.
2. A Igreja
de Cristo pode se deixar levar pelo sistema deste mundo?
A igreja
jamais pode se deixar levar pelo pensamento deste mundo (Rm 12.1,2).
3. Qual era
o objetivo do trabalho de Paulo?
O apóstolo
trabalhava com o objetivo de ver uma igreja santa, sem mancha, mácula ou
ruga.
4. A igreja
em Corinto teve origem na casa de quem?
A igreja em Corinto teve sua origem na casa de Justo, que ficava ao lado da sinagoga.
5. Quem eram
as pessoas indicadas para resolver os conflitos internos em Corinto?
As pessoas
mais indicadas para resolver os conflitos internos seriam os próprios líderes
de igrejas.